O Instituto Oswaldo Cruz (IOC), parte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vai liderar um teste clínico significativo em busca de uma vacina contra a hanseníase, após a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com 54 voluntários, este é um passo importante para potencialmente disponibilizar uma vacina gratuita contra a doença para a população brasileira.
A candidata a vacina, chamada LepVax, foi desenvolvida pelo Access to Advanced Health Institute (AAHI), um instituto americano de pesquisa biotecnológica. Utilizando tecnologia de subunidade proteica, a LepVax mostrou resultados promissores em testes pré-clínicos contra o Mycobacterium leprae, o agente causador da hanseníase.
Antes do teste no Brasil, a LepVax foi testada em 24 indivíduos saudáveis nos Estados Unidos, onde demonstrou segurança sem eventos adversos graves e apresentou imunogenicidade, ou seja, capacidade de gerar resposta imunológica.
O Brasil, que concentra 90% dos casos da hanseníase na América e é o segundo em notificações mundiais, é um cenário crucial para testar a vacina. Entre 2014 e 2023, registrou quase 245 mil novas infecções, com 22.773 casos reportados apenas em 2023.
Estrutura do Estudo
Os pesquisadores irão avaliar a segurança e a imunogenicidade da LepVax, testando duas formulações (baixa e alta dose) em três grupos: dois receberão a vacina e um receberá um placebo (solução salina). Cada voluntário receberá três doses com um intervalo de 28 dias e será monitorado por um ano. Os critérios incluem idade entre 18 e 55 anos, boa saúde e ausência de histórico de hanseníase.
Importância da Vacinação
A chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz, Roberta Olmo, destaca que a criação de uma vacina é essencial para a eliminação da hanseníase como problema de saúde pública. As metas de controle até 2030 incluem a interrupção da transmissão em 99% dos municípios e a eliminação da doença em 75% dos municípios.
Apoio e Financiamento
O ensaio clínico é patrocinado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e financiado por entidades filantrópicas como a American Leprosy Missions (ALM) e pelo Ministério da Saúde. Parceiros internacionais, como a Fundação de Saúde Sasakawa do Japão, também apoiam o projeto.
Os resultados desse estudo poderão representar um avanço significativo no combate à hanseníase, buscando não apenas prevenir novas infecções, mas também contribuir para a reversão dos altos índices da doença no Brasil e em outros países afetados.
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